Resenha - Green Day: Revolution Radio Tour em SP

Últimos momentos do show do Green Day em São Paulo.

Qualquer pessoa que escutava rádio, ia comprar CDs, acompanhava os canais de música ou mesmo estava no mínimo antenada no cenário musical dos anos de 1990 e 2000, já ouviu falar de Green Day. Não só por causa de hits mais antigos como Basket Case e She, do álbum Dookie (que nesse ano fez 23 anos!), como também por causa dos mais recentes, como as icônicas American Idiot e Boulevard Of Broken Dreams, do álbum American Idiot, de 2004. Mas, além de ser uma banda de muito sucesso, o que é o Green Day?
Green Day é uma banda de punk norte americana formada em 1986 pelo guitarrista e vocalista Billie Joe Armstrong e o baixista Mike Dirnt, na Califórnia. Desde 1990, seu baterista é Tré Cool, que substituiu John Kiffmeyer antes das gravações do álbum Kerplunk (1991). Seus primeiros álbuns, de menor sucesso, 39/Smooth (1990) e Kerplunk, foram lançados pelo nome da gravadora independente Lookout! Records. O sucesso de Kerplunk na cena underground musical levou a banda a sair da gravadora da época e assinar um contrato com a Reprise Records, uma gravadora significantemente maior, com quem gravaria todos seus próximos álbuns até hoje. O terceiro álbum da banda, Dookie (1994), foi um sucesso comercial que emplacou diversos hits, e o quarto álbum, Insomniac (1995), também teve uma boa recepção pela crítica e pelo público. Já o quinto e sexto álbuns, Nimrod (1997) e Warning (2000), não foram grandes sucessos como se esperava e a crítica já começava a ver o Green Day como uma banda que "havia perdido sua relevância". E foi depois de quatro anos que a banda provou o contrário. Em 2004, lançaram seu sétimo álbum, intitulado American Idiot, que é uma rock opera que conta a jornada do personagem fictício Jesus Of Suburbia (cujo nome é o título de uma das faixas mais famosas do álbum), e não só emplacou o primeiro lugar na parada da Billboard como também virou um álbum de protesto sobre a política, a cultura e o povo americano, recuperando todo o sucesso perdido pela banda até então. E não parou por aí. O oitavo álbum do Green Day, 21st Century Breakdown (2009), tem o mesmo formato de rock opera, narrando a história do jovem casal Christian e Gloria. O álbum teve ótima recepção do público e da crítica, e tem os melhores posicionamentos em paradas internacionais da banda até hoje. Em 2012, a banda lançou uma trilogia de álbuns intitulados ¡Uno!, ¡Dós! e ¡Tré!, e, em 2016, lançou seu décimo segundo disco, Revolution Radio. O Green Day entrou para o Rock and Roll Hall Of Fame em 2015 e conta com um total de 91 prêmios, que incluem cinco Grammy Awards, três American Music Awards, dois BRIT Awards e seis Billboard Music Awards.
Por causa do lançamento do Revolution Radio, a banda entrou em turnê mundial, tendo marcado quatro shows no Brasil em 2017, todos em novembro: um no Rio de Janeiro, no dia 1; um em São Paulo, no dia 3; um em Curitiba, no dia 5; e outro em Porto Alegre, no dia 7. A banda só tinha vindo para o Brasil outras duas vezes: uma em 1998 e a outra em 2010. O show de São Paulo ocorreu na Arena Anhembi e teve um público de 25 mil pessoas.
O show teve duas horas e meia de duração e não poupou energia nem agitação tanto do público quanto dos integrantes da banda, com destaque para Billie Joe, que é um showman nato e sabe fazer um verdadeiro espetáculo, e Tré Cool, que foi chamado a gritos pelos fãs e até usou uma fantasia de carnaval. A apresentação começou sem os integrantes no palco, ao som da gravação original de Bohemian Rhapsody do Queen, que deu lugar ao clássico mascote da banda: o coelho bêbado, acompanhado de Blitzkrieg Bop do Ramones. Com a saída do coelho, ouviu-se um trecho de Also Sprach Zarathustra de Richard Strauss e, com a interrupção desta, a banda deu início a um show devastador, recheado de pirotecnias, convite de fãs ao palco e que não poupou nostalgia para os fãs dos álbuns mais antigos da banda. Logo na primeira música tocada pela banda (Know Your Enemy, terceira faixa do álbum 21st Century Breakdown), Billie Joe chamou um fã ao palco, que cantou uma parte da música e então pulou na plateia. Isso se repetiu durante a música Longview (de Dookie). Durante a música 2000 Light Years Away, do segundo álbum da banda, o frontman do Green Day repetiu outro ato já icônico em suas apresentações: não só atirou água com uma arminha d'água no público, como também atirou algumas camisetas com outra arma específica para isso. Já nos últimos momentos do show, quando a banda iria apresentar um cover do Operation Ivy chamado Knowledge, um dos momentos mais esperados (e mais antecipados por muitos fãs) ocorreu, então: Armstrong convidou um fã que soubesse tocar guitarra ao palco para tocar aquela música, e ao final da mesma, deu sua guitarra de presente ao garoto que tocou. Não demorou muito para a banda surpreender seu público novamente: vestidos com fantasias diversas, dançaram ao som de Garota de Ipanema no saxofone, que deu abertura a um pout pourri de cinco músicas: Shout (The Isley Brother), Always Look On The Bright Side Of Life (Monty Python), Break On Through (To The Other Side) (The Doors), (I Can't Get No) Satisfaction (The Rolling Stones) e Hey Jude (The Beatles). Após mais duas músicas, o show acabou, mas não totalmente: teve uma volta da banda ao palco, para tocar American Idiot e Jesus Of Suburbia, dois sucessos do álbum American Idiot que não haviam sido tocados até então; e depois, uma volta solo de Billie Joe, que tocou acusticamente e fechou a apresentação por definitivo com 21 Guns (de 21st Century Breakdown) e Good Riddance (Time Of Your Life) (de Nimrod), com muitos agradecimentos e confetes em cima do público.
Como pôde-se perceber, o Green Day não hesitou em apelar para o lado nostálgico em seu show tocando 13 faixas de álbuns dos anos 90, mesmo a turnê sendo destinada para promover o último álbum da banda. Assim, conclui-se que os shows dessa banda ícone do movimento punk americano dos anos 90 diferem - e muito - dos de outras bandas do mesmo gênero: é extremamente acalorado, não tendo um momento tedioso mesmo para quem não conhece todas as músicas apresentadas, pois o carisma da banda te contagia de maneira descontrolada. O show se torna um espetáculo absurdo nas mãos de Armstrong, que pede e exige interação do público a todo momento, além de não se cansar de agradecer e enaltecer a participação deste na apresentação. Torna-se explícita, conclusivamente, a experiência da banda no cenário musical, não só por meio de inovações e sucesso, mas também por estar ativa já há 31 anos. Cada show é uma nova experiência cheia de emoções que, com certeza, vale muito a pena.

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